Introdução.
As vezes, temos a dúvida se uma guitarra está oferecendo tudo que pode. Tendo isso em mente, pensei em fazer um guia de como verificar e decidir se a guitarra vale um upgrade ou não e, se sim, com quais procedimentos começar. Organizarei os passos pela ordem que eu acredito que você deva seguir. Não é necessário seguir todos os passos, siga os passos até que seu problema seja resolvido. Se você resolver o problema com o 1º passo, por exemplo, pare nele. Se também achar que os próximos passos não valem a pena, por questões de dinheiro, de tempo, de disposição, entre outras, pode para também e decidir se está feliz com a guitarra ou deseja se desfazer dela ou mesmo pensar posteriormente.
1º passo - Regule a guitarra.
Esse passo é muito importante. É extremamente comum que uma guitarra não esteja dando o seu máximo porque está mal regulada. Então o primeiro passo precisa ser regular a guitarra para conseguir observar ela no máximo potencial. Aconteceu comigo um fato curioso. Tinha uma condor Rx-30 parada e resolvi usá-la de teste para aprender a regular guitarras. Após conseguir regulá-la certinha, ela começou a soar muito bem e atualmente não a troco por nenhuma Fender desregulada (por uma Fender reguladinha troco sim hahahahaha). Em resumo, você só saberá qual o real potencial da guitarra quando ela estiver bem regulada.
OBS: Se você não sabe regular a guitarra e está em dúvida se vale a pena o investimento na regulagem, porque precisaria levar em um luthier, pode pular esse passo e voltar para ele quando decidir fazer investimentos. No entanto, talvez alguns problemas não sejam identificados ou o potencial da guitarra seja subestimado.
2º passo - Teste a parte física da guitarra.
Nesse passo não nos preocuparemos com o timbre especificamente, preocuparemos com o conforto e a tocabilidade. Teste se lhe agrada tocar a guitarra, se ela está com um peso bom, se ela tem um equilíbrio bom, se você consegue tocar tanto em pé quanto sentado, se você gosta do visual dela (as vezes, compramos algo em uma época e depois nos arrependemos). Se, no geral, a guitarra lhe agradar ou o que lhe desagrada seja algo pequeno, como, por exemplo, querer trocar a cor do escudo, aconselho a continuar os passos. Se o que lhe desagrada seja algo que seja difícil de mudar como peso do instrumento, equilíbrio do instrumento, talvez seja melhor pensar em trocar de instrumento ou vende-lo, porque dificilmente você conseguirá abstraí-lo.
Cito, novamente, um caso que aconteceu comigo. Eu tinha uma Cort M 600 t, guitarra excelente, bom equilíbrio, bom timbre, fácil de regular, mas era muito pesada para mim e toda vez que eu ia ensaiar por muito tempo com ela, minhas costas doíam muito. Então, por mais que eu estivesse satisfeito com os timbres, não conseguia utilizá-la por conta da parte física. Acabei usando ela cada vez menos, até vende-la porque não conseguia tocar com ela sem ter dores. Portanto, não adianta nada ter uma guitarra com ótimos timbres, mas que você não seja capaz de trocar.
OBS: Conforto é algo muito pessoal, o que pode ser bom para um pode não ser para outro. Vendi minha Cort, por exemplo, para alguém que o peso da guitarra não era um incomodo.
3º passo - Teste se o problema é a guitarra.
Pode parecer bobagem, mas muitas vezes o problema não é a guitarra, pode ser amplificador, cabos e/ou pedais (não que eles sejam necessariamente ruins, eles podem não combinar com a guitarra). Se você está com dificuldade de timbrar uma guitarra com seu setup, teste ela em um setup diferente, principalmente em outro ampli. Vá a lojas, teste em amplis de amigos e veja se a guitarra não soa melhor. As vezes também pode ocorrer de a guitarra ser boa para um estilo de música que não é o que você toca, mas testando em distintos amplificadores e pedais, você saberá com o que ela se dá bem ou não e decidirá se vale a pena o investimento em um upgrade ou talvez seja o caso de troca-la.
4º passo - Teste distintos ajustes na guitarra.
Se você percebeu que o problema é realmente a guitarra, teste distintos ajustes. Explore bem a chave seletora de captadores, teste distintos ajustes nas alturas dos captadores, explore os botões de volume, tonalidade e eventuais outros. É provável que você consiga adaptar a guitarra às suas necessidades ou descubra o que realmente lhe incomoda na guitarra. Por exemplo, pode ser o valor dos potenciômetros, pode ser um dos captores, etc. Sabendo o que lhe incomoda, é mais fácil fazer a troca desse componente que não está atendendo a suas necessidades.
5º passo - Comece os investimentos com coisas simples.
Recomendo não começar já investindo em coisas complexas e/ou caras (Exemplos: mudar o tipo de ponte, captadores, mudar o tipo de tarraxa). Comece trocando coisas mais simples como os potenciômetros, os capacitores, os jacks, esquema elétrico, upgrade de ponte, tarraxas, nuts sem mudar o tipo (veja se é compatível mesmo), etc. São produtos baratos e que não alteram tanto o instrumento, mas podem resolver o problema. Por exemplo, uma troca no valor do potenciômetro pode fazer uma guitarra soar mais ou menos brilhante/aguda. Algumas alterações, como o 50's wiring, não envolvem nem comprar produtos apenas desoldar e soldar. Então é possível ter grandes resultados com essas pequenas alterações. No entanto, se esses procedimentos não resolverem aí é hora de pensar em coisas mais complexas.
OBS: Se você pulou a parte da regulagem, mas chegou até esse passo. Se decidir levar a guitarra para alguém fazer esses ajustes é bem provável que a regulagem seja feita junta e incluída no preço, mas caso não seja pergunte e tente fazer a regulagem.
6º passo - Se o problema for timbre, a troca de captadores, normalmente, faz milagres.
Pode parecer exagero mas não é, captadores ocupam um percentual enorme quando se trata de timbre de guitarra. Trocar um captador é algo que realmente vai mudar sua guitarra. Se você já fez os outros passos e não resolveu o problema de timbre, é hora de considerar essa opção, principalmente se a guitarra é uma guitarra que lhe agrada tocar, uma guitarra confortável. Escolhendo o captador certo, sua guitarra se transformará absurdamente. Há diversas companhias de captadores, nacionais e internacionais, mas o que mais importa para escolher o captador certo é que você saiba o que quer. Por isso, a escolha de captador é o 6º passo só. Há diversas opções de captador e, se você não tiver bem claro o que quer, pode ficar perdido. Então depois de definir o que quer procure nos sites das companhias que provavelmente você achará o captador que atenderá a suas demandas, algumas companhias até tem um canal de contato, se for o caso use, para ter mais certeza. A troca de captadores transformará sua guitarra, e se a escolha for bem feita, você terá um instrumento excelente.
7º passo - Mudanças radicais.
Nesse ponto deixarei bem clara minha opinião, mas ressalto que é algo muito pessoal essa escolha. Cuidado com a troca de componentes que necessitam de mudanças na parte física da guitarra. Como por exemplo: Instalação de Floyd Rose em instrumento que não é feito originalmente para essa ponte, Mudança de tipo de tarraxa, mudança de tipo de formato de captador, etc. Essas alterações são perigosas por alguns motivos. Elas derrubam o valor de mercado da guitarra, principalmente se forem irreversíveis, são, na maioria dos casos, caras de fazer, e muitas delas são ou irreversíveis ou de difícil reversão. Então são mudanças que para serem feitas é necessário muita certeza. Por esse motivo, ela é a última.
Só aconselho essas mudanças com algumas condições. Cumulativamente, ter já tentado diversas alternativas, já ter passado um bom tempo com o instrumento e o instrumento ter um significado especial e/ou ser extremamente confortável e prazeroso para você tocar. A outra opção é se o instrumento possuí um valor financeiro que é negligenciável para você, ou seja, se ficar ruim, perdeu o dinheiro e já era. Em todo caso, se você não está em nenhum desses dois casos, acho que trocar ou vender o instrumento pode ser uma saída mais interessante, e com o dinheiro obtido poder comprar um instrumento que atenda melhor a suas necessidades.
Conclusão.
Melhorar um instrumento é uma escolha que muitas vezes não é fácil e muito menos objetiva. Por esses motivos, enumerei os passos numa ordem que vai do menos para o mais evasivo e complexo. Então tente seguir e pare quando seu problema estiver resolvido. Só faço algumas considerações. Não existe instrumento perfeito, sempre tentaremos mudar algo, então procure ver se o instrumento já está bem próximo de lhe atender, se já estiver talvez seja melhor deixá-lo com está. Se você não sabe o que procura não encontrará nada; é necessário saber o que você busca no instrumento; se não fizer isso, ficará em uma busca sem fim e sem objetivo. As vezes a melhor opção é vender o instrumento ou trocá-lo por um que lhe atenda. Esse último ponto, muitas vezes, é difícil de aceitar, principalmente se você se apega ao instrumento, mas, infelizmente, principalmente se muitas mudanças ou mudanças drásticas são necessárias, é mais fácil vendê-lo e adquirir um instrumento que lhe atenda melhor.
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